Economia e Negócios: A saga do pacote fiscal no Brasil e Inflação nos EUA

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Nesta quarta-feira, as atenções dos investidores estão voltadas para os rumos da política monetária dos Estados Unidos e para o aguardado pacote de corte de gastos públicos no Brasil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avalia a possibilidade de gravar um pronunciamento para explicar à população as medidas que devem ser anunciadas, provavelmente amanhã. A definição sobre o ajuste fiscal e os desdobramentos na inflação e nos juros são temas centrais para o mercado financeiro neste momento.

Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a prévia da inflação oficial de novembro, com alta de 0,62%, acima das projeções de mercado, que apontavam para 0,48%. Em 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) avançou 4,77%, superando o teto da meta do Banco Central para o IPCA, de 4,50%. O cenário inflacionário segue pressionado e aumenta as preocupações com o risco fiscal, especialmente diante da demora no anúncio das medidas de corte de despesas.

Às 14h30, serão divulgados os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de outubro, que mostrarão o quão aquecido está o mercado de trabalho brasileiro, um dos principais fatores que podem influenciar o rumo da política monetária do Banco Central (BC). Enquanto isso, em Miami, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária, participam do encerramento do G20 TechSprint 2024 + Fórum Anual Drex, onde devem discutir as tendências da economia global.

No cenário internacional, o índice de preços de gastos com consumo (PCE) de outubro, considerado o principal indicador pelo Federal Reserve (Fed) para suas decisões de política monetária, é o destaque do dia. Em setembro, o PCE acumulado em 12 meses estava em 2,1%, levemente acima da meta de 2% do Fed. O dado de hoje pode ser decisivo para os rumos dos juros americanos, influenciando diretamente os mercados globais.

Além disso, a segunda prévia do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos referente ao terceiro trimestre será divulgada, juntamente com os dados semanais de pedidos de auxílio-desemprego. Na Europa, continua a preocupação com as medidas protecionistas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, sobre a taxação de produtos importados, o que pode impactar as exportações europeias e aumentar as tensões comerciais.

No mercado financeiro, o dólar à vista terminou a sessão de ontem com leve alta de 0,04%, cotado a R$ 5,8080, enquanto o Ibovespa subiu 0,69%, encerrando em 129.922 pontos. A trégua nos conflitos entre Israel e o Hezbollah reduziu o prêmio de risco sobre as cotações de petróleo, levando o barril da commodity a fechar em queda.
O cenário atual é desafiador e complexo, com fatores globais e locais moldando as expectativas dos investidores. A divulgação do PCE nos Estados Unidos e o aguardado anúncio do pacote de cortes de gastos pelo governo brasileiro serão determinantes para o comportamento do mercado nos próximos dias.

Por Thiago Lira
Economista e especialista em Análise de Dados.

Foto: Diogo Zacarias/MF

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