Pela primeira vez em bastante tempo, o Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), apontou uma redução na estimativa para a inflação oficial. A previsão do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,64% para 4,63% em 2024. Embora o valor ainda seja superior ao teto da meta, de 4,50%, a queda na expectativa sugere uma acomodação do cenário inflacionário, trazendo algum alívio para os investidores e agentes econômicos.
Essa redução nas expectativas de inflação chama a atenção em um momento em que o mercado aguarda ansiosamente o anúncio do pacote de redução de despesas públicas, estimado em R$ 70 bilhões. Ao longo do dia, estão previstas reuniões de representantes do governo para discutir o texto final das medidas de corte de gastos. Nas últimas semanas, as preocupações com o risco fiscal aumentaram, e o ajuste nas projeções inflacionárias pode sinalizar uma percepção mais otimista do mercado quanto ao controle das contas públicas.
No Relatório Focus, a expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 também teve uma leve melhora, passando de 3,10% para 3,17%. Já a projeção para a Selic foi mantida em 11,75% ao ano, refletindo o cenário de juros elevados em um esforço para controlar a inflação e estabilizar a economia.
Nos Estados Unidos, a semana será mais curta devido ao feriado de Ação de Graças na quinta-feira e ao pregão reduzido na sexta-feira, o que pode diminuir a liquidez dos mercados globais e aumentar a volatilidade dos ativos, especialmente em mercados emergentes como o Brasil.
Na última sexta-feira, a forte alta dos papéis da Petrobras impulsionou o Ibovespa, que subiu 1,74%, fechando aos 129.126 pontos. No acumulado da semana, o principal indicador da B3 registrou valorização de 1,04%. As ações preferenciais da Petrobras dispararam 3,98%, enquanto as ordinárias avançaram 5,23%, refletindo a fala da presidente da estatal, Magda Chambriard, de que a companhia terá foco em petróleo e gás, o que foi bem recebido pelo mercado.
Além disso, o anúncio do plano de investimentos da Petrobras para o período de 2025 a 2029 e o pagamento de R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários contribuíram para o bom desempenho dos papéis da estatal. O foco em investimentos estratégicos e a distribuição de dividendos reforçam a confiança dos investidores na solidez da empresa e no seu potencial de crescimento.
O cenário atual segue desafiador, mas a queda na expectativa de inflação e os sinais de comprometimento do governo com o ajuste fiscal trazem algum otimismo para o mercado. Os próximos dias serão decisivos, com o mercado aguardando o anúncio do pacote de corte de despesas e o desenrolar das políticas econômicas tanto no Brasil quanto no cenário internacional.
Por Thiago Lira
Economista e especialista em Análise de Dados.
Foto: Valor Invest