Previsão de inflação sobe e mercado aguarda pacote de cortes de gastos

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Enquanto o mercado aguarda o anúncio do pacote de redução de despesas públicas pelo governo, o Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), indicou um novo aumento na estimativa para a inflação oficial. A previsão do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,62% para 4,64% em 2024, superando o teto da meta, que é de 4,50%. Esse cenário reforça a pressão sobre o governo para apresentar medidas eficazes de controle fiscal.

Em relação à taxa Selic no fim de 2024, a mediana das projeções dos economistas foi mantida em 11,75% ao ano, enquanto a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) segue em 3,10%.
Após a Cúpula do G20, que está sendo realizada hoje e amanhã no Rio de Janeiro, o governo deve anunciar um pacote de redução de despesas públicas que pode totalizar R$ 70 bilhões para o biênio 2025-2026. Essas medidas são vistas como fundamentais para equilibrar as contas públicas e conter as pressões inflacionárias, trazendo maior previsibilidade para a economia.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, comentará o cenário macroeconômico nesta segunda-feira, durante um evento da Consulting House. A expectativa é que ele aborde os desafios para a política monetária e a importância do ajuste fiscal no contexto atual, que inclui uma inflação acima da meta e um cenário de juros elevados.

Na última quinta-feira, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de setembro, divulgado pelo Banco Central, apontou um crescimento de 0,84% em relação a agosto, na série dessazonalizada. Esse resultado, considerado a prévia do PIB, ficou acima das expectativas do mercado e trouxe algum alívio quanto ao ritmo da atividade econômica no país.

No mercado financeiro, o dólar subiu 0,91% e o Ibovespa recuou 0,03% na semana passada, refletindo o clima de cautela dos investidores. Na quinta-feira, o dólar fechou estável, com leve queda de 0,01%, a R$ 5,7896, enquanto o Ibovespa encerrou o dia com uma pequena alta de 0,05%, aos 127.792 pontos.

Entre as ações que se destacaram, as da Americanas subiram 180%, fechando a R$ 9,41, impulsionadas pela reversão do prejuízo em lucro no terceiro trimestre e pelo aumento da receita. Esse movimento surpreendeu o mercado e foi um dos destaques positivos em uma semana marcada por incertezas.

Com a inflação em alta e o cenário fiscal em foco, o mercado financeiro segue atento aos próximos passos do governo e do Banco Central. O anúncio do pacote de redução de despesas públicas será fundamental para determinar o rumo da política econômica e para restaurar a confiança dos investidores nos próximos meses.

Por Thiago Lira
Economista e especialista em Análise de Dados.

Foto: Audiovisual G20 Brasil

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