A semana começa com as atenções do mercado voltadas para a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa amanhã. Nas últimas semanas, a expectativa para o ajuste da Selic mudou de 0,5 ponto percentual para 0,75 ponto percentual, refletindo o aumento das pressões inflacionárias. Hoje, o Relatório Focus, do Banco Central (BC), apontou que a mediana das projeções para a Selic subiu de 11,75% para 12% ao ano.
A decisão do Copom será influenciada pela inflação oficial brasileira e outros indicadores econômicos, como os dados do mercado de trabalho. O Relatório Focus elevou a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,71% para 4,84% em 2024, acima do teto da meta de 4,50%. Amanhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o IPCA de novembro, que será crucial para determinar os próximos passos da política monetária.
Além disso, o Focus revisou para cima a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, de 3,22% para 3,39%, trazendo um tom de otimismo moderado sobre o desempenho econômico.
No cenário internacional, a China anunciou planos de aumentar os gastos públicos e expandir a oferta de crédito para estimular sua economia em 2025. Essa iniciativa pode beneficiar países exportadores de commodities, como o Brasil. Em novembro, a inflação chinesa subiu apenas 0,2%, o menor patamar em cinco meses, alimentando temores de deflação e reforçando a necessidade de incentivos econômicos. O movimento é positivo para o mercado global de commodities, com o barril do petróleo Brent subindo 1,15% e o WTI avançando 1,32%.
Enquanto isso, no Oriente Médio, a tomada de Damasco por rebeldes e a fuga do ditador Bashar Al-Assad para Moscou geram incertezas sobre o futuro da Síria e seus impactos na região. A instabilidade política eleva os preços do petróleo e mantém os mercados em alerta.
Na sexta-feira, o dólar atingiu uma nova marca histórica, subindo 1% para R$ 6,0713, acumulando alta de 1,18% na semana. O Ibovespa, por outro lado, recuou 1,50%, fechando aos 125.946 pontos, pressionado por dados fortes de confiança do consumidor nos Estados Unidos e incertezas relacionadas ao pacote de ajuste fiscal brasileiro.
Ainda na sexta, o Mercosul e a União Europeia (UE) finalmente fecharam um acordo comercial durante a 65ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul. Após 25 anos de negociações, a parceria representa uma oportunidade para fortalecer o comércio entre os blocos, apesar dos desafios econômicos globais.
O mercado continua atento às decisões do Copom, aos desdobramentos do ajuste fiscal no Brasil e aos estímulos anunciados pela China, fatores que devem moldar o comportamento dos ativos nos próximos dias.
Por Thiago Lira
Economista e especialista em Análise de Dados.
Foto: Reuters