O mercado financeiro começa a semana atento ao aumento da estimativa para a inflação oficial e ao recorde do bitcoin, enquanto aguarda o anúncio do pacote de redução de despesas públicas pelo governo. Segundo o Relatório Focus, do Banco Central (BC), a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 subiu de 4,59% para 4,62%. A mediana das projeções para a taxa Selic no final do ano foi mantida em 11,75%, e a expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) também permaneceu em 3,10%.
No acumulado de 12 meses até outubro, o IPCA subiu 4,76%, acima dos 4,72% projetados pelo mercado e ultrapassando o teto da meta de inflação de 4,50%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira. Esse avanço, impulsionado principalmente pelos preços da energia e da carne bovina, além da desvalorização do real, pressionou o Comitê de Política Monetária (Copom) a elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual na semana passada, para conter a desancoragem das expectativas de inflação.
Ainda nesta manhã, o Banco Central divulgou o resultado primário do setor público consolidado, que apontou uma relação entre a dívida pública bruta e o PIB de 78,3% em setembro, revelando a necessidade urgente de controle das contas públicas. Enquanto isso, no cenário internacional, o bitcoin registrou novo recorde, ultrapassando os US$ 82 mil, o que reflete o aumento do interesse dos investidores por ativos digitais em meio à volatilidade dos mercados tradicionais.
Por outro lado, a desvalorização do minério de ferro, aliada ao pacote chinês de estímulo econômico aquém do esperado, elevou a aversão ao risco dos investidores, impactando negativamente o mercado brasileiro. Na sexta-feira, o Ibovespa caiu 1,43%, encerrando aos 127.830 pontos, pressionado pelo estouro da meta de inflação e pelas incertezas em torno do ajuste fiscal do governo. Já o dólar subiu 1,09%, cotado a R$ 5,7372.
No acumulado da semana, o Ibovespa registrou uma queda de 0,23%, enquanto o dólar recuou 2,26%. O cenário para os próximos dias continua desafiador, com o mercado aguardando sinais mais claros sobre a política fiscal do governo e os desdobramentos da economia global. O pacote de redução de despesas públicas será crucial para determinar o rumo da política econômica e a confiança dos investidores no Brasil.
Por Thiago Lira
Economista e especialista em Análise de Dados.
Foto: Poder360graus