Diálogo inter-religioso: sementes de paz em um mundo conturbado – por Jénerson Alves  

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“Se as igrejas brigarem, / quem vai rezar pela paz?”. Esses versos são do repentista Rogério Meneses, improvisados em uma cantoria. Um questionamento que abre janelas de reflexão e impulsionam a mudanças de atitude.

Essa temática ganhou uma força ainda maior na última semana, quando ocorreu a mesa de debate “O Poder do Diálogo Inter-religioso na Construção de uma Casa Comum”, no Centro Universitário Asces-Unita, em Caruaru, contando com a presença do renomado teólogo iraniano Dr. Mohammad Ali Shomali, acompanhado por uma delegação internacional. Indo além do tecnicismo acadêmico, a instituição apresenta uma responsabilidade humanística digna de nota.

Entre outras questões, a palestra me fez pensar que a verdadeira devoção está em entregar-se à Divindade, enquanto a falsa devoção está em julgar-se dono de Deus. Quando o fiel tem uma prática coerente com a entrega constante, também passa a enxergar o próximo com o coração, isto é, com empatia, humanismo, respeito e, sobretudo, amor fraterno.

Embora simples, tal pensamento é profundo. É aprendermos a ver nosso semelhante como um irmão, não como um opositor. Na diversidade, é possível enxergarmos o que nos une – e isso é intrinsecamente maior do que o que nos distingue. Somos irmãos na humanidade, na mortalidade, na sede pelo Infinito…

Vale salientar que o diálogo inter-religioso não implica abandono das crenças, mesmo das distintivas. É como nos explica o professor Nivaldo Injosa, que foi um dos debatedores no evento citado: “No diálogo inter-religioso, nós escutamos e acolhemos a beleza da outra religião, mas temos uma convicção profunda da nossa”.

Em um cenário tão conturbado, violento, dicotômico e impiedoso como o que vivemos hoje, elevar essa mensagem de fraternidade é urgente e imprescindível. Ao contrário do que alguns podem pensar, tal missão não é vã. As sementes de fraternidade lançadas sobre a terra sempre dão frutos – mesmo em terrenos arenosos ou cheios de pedregulhos. Sejamos todos copartícipes dessa messe, onde estivermos. Certamente, semeamos a paz que será colhida pelas futuras gerações.

Jénerson Alves é professor, jornalista e poeta

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