A Black Friday, que teve origem nos Estados Unidos, rapidamente conquistou o mundo, tornando-se um dos eventos comerciais mais aguardados no Brasil. Além das promoções atraentes e das filas nas lojas, essa data traz impactos importantes para a economia local. Mas quais são esses impactos, e como a psicologia do consumo influencia as decisões dos consumidores?
Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), a Black Friday deste ano deve movimentar cerca de R$ 11,63 bilhões, com mais de 10 milhões de pedidos realizados no período. Esse valor não apenas impulsiona o setor de e-commerce, mas também beneficia o comércio local, que aproveita a oportunidade para atrair consumidores.
As lojas físicas, especialmente aquelas que adotam estratégias de promoções diferenciadas, conseguem se destacar e gerar um aumento significativo nas vendas.
Outro impacto importante é na geração de empregos temporários, especialmente no setor de logística e transporte. A demanda por entregas dispara, o que resulta na contratação de trabalhadores temporários. De acordo com a Asserttem (Associação Brasileira do Trabalho Temporário), o último trimestre de 2024 deve gerar cerca de 450 mil vagas, impulsionado tanto pela Black Friday quanto pelas compras de Natal.
No entanto, a Black Friday também apresenta desafios para os pequenos comerciantes, que precisam competir com grandes redes e margens de lucro reduzidas. A pressão por descontos pode se tornar um problema, exigindo estratégias de diferenciação para garantir a sustentabilidade do negócio. Além disso, o impacto ambiental também é uma preocupação crescente, dado o aumento do consumo e dos resíduos gerados.
A psicologia do consumo é outro fator crucial para entender o sucesso da Black Friday. O “FOMO” (Fear of Missing Out), ou medo de perder uma oportunidade, impulsiona muitos consumidores a comprarem por impulso. Estima-se que 60% dos consumidores realizem compras impulsivas nesse período, movidos pela urgência criada pelas promoções limitadas e contagens regressivas. Além disso, o sentimento de recompensa associado às compras torna a experiência ainda mais atraente, gerando uma sensação de prazer e satisfação.
O comportamento coletivo também desempenha um papel importante. Quando vemos outras pessoas comprando, sentimos que estamos fazendo a escolha certa ao segui-las. Redes sociais e influenciadores digitais intensificam esse efeito, contribuindo para o aumento das vendas. Para muitos, a Black Friday é mais do que uma data de promoções: é o início da temporada de compras de fim de ano, carregando um valor emocional e cultural.
Compreender esses fatores pode ajudar tanto comerciantes quanto consumidores a aproveitarem melhor a Black Friday, minimizando os impactos negativos e garantindo que as oportunidades sejam benéficas para todos os envolvidos.
Por Thiago Lira
Economista e especialista em Análise de Dados.